sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

E nós também melhoramos

Para aqueles críticos e pessimistas...


São Paulo cai 310 posições no mapa das cidades com mais assassinatos

Em dois anos, São Paulo melhorou 310 posições na lista das 560 cidades com maior número de assassinatos do País, conforme a segunda edição do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, divulgada ontem pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, em Brasília. No primeiro mapa, que saiu no ano passado, a capital ocupava a 182ª posição, com taxa média de 48,2 homicídios para cada 100 mil habitantes. No novo estudo, caiu para o 492º lugar, com taxa de 31,1 por 100 mil.
Em 2006, último ano usado como base para o segundo mapa, foram assassinadas em São Paulo 2.546 pessoas. É como se toda a população de um pequeno município, como Torre de Pedra (SP), tivesse sumido em 12 meses. Ainda assim, é quase a metade das 5.575 mortes de 2002. Um dos motivos para isso é o Estatuto do Desarmamento. Da sua adoção, em 2003, até 2006 houve redução de 8,5% nos assassinatos no Brasil - de 51.043 mortes para 46.660.
“A queda da mortalidade em São Paulo começou em 1999. Houve melhorias do aparato policial, mas, principalmente, uma reação da sociedade civil, com a criação dos Institutos Sou da Paz e São Paulo Contra a Violência”, disse o coordenador da equipe que preparou o mapa, Julio Jacobo Waiselfisz. Ele usou nos rankings a média de mortes ocorridas ao longo de três anos: o primeiro mapa utilizou o período de 2002 a 2004 e, o segundo, os dados de 2004 a 2006.
Mas as quedas nos índices de homicídio não parecem passar uma sensação maior de segurança para a população. O coordenador de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança, Túlio Kahn, acha que isso decorre das características dos assassinatos em São Paulo. “Os homicídios estão concentrados nas periferias. Nesses locais, as pessoas percebem a queda.”
Kahn afirmou que a classe média e moradores das regiões centrais são mais sensíveis a crimes contra patrimônio. Num balanço a ser divulgado amanhã, a secretaria vai apontar queda de 50% nos roubos de carro em 2007, mas outros tipos de roubo cresceram em relação a 2006. “Fora a questão dos roubos, quando há grandes ocorrências, como os ataques do PCC ou a morte do comandante da PM na zona norte, tudo vai por água abaixo”, disse, referindo-se ao impacto na opinião pública da onda de atentados do crime organizado em 2006 e da execução do coronel José Hermínio Rodrigues, no dia 16.
Compreender as causas da redução dos homicídios, no entanto, continua sendo um desafio. A secretaria afirmou que o número de prisões triplicou e houve melhoria na gestão das polícias e diminuição das armas em circulação, reflexo do estatuto.
A antropóloga Paula Miraglia, diretora-executiva do Instituto Latino Americano das Nações Unidas (Ilanud), disse que já ouviu diversas análises para a queda nos assassinatos. “Desde o aumento da eficiência do Departamento de Homicídios, passando pela redução da circulação de armas, aumento das prisões, conversões religiosas, hip-hop etc. Todas ajudam a compreender um fenômeno extremamente complexo.”
Os dados do Mapa da Violência são tirados de uma base do Ministério da Saúde, coletada desde 1979, que inclui causa da morte, local, sexo e idade das vítimas. O governo do Estado usa outro critério.
O Estado de S. PauloLisandra Paraguassú e Bruno Paes Manso

Nenhum comentário: